segunda-feira, 31 de março de 2008

Coisas de Vanzolini

Há pouco mais de uma semana postei aqui no Caapora um link para uma entrevista da Folha de São Paulo com Paulo Emílio Vanzolini, um dos maiores ícones da Zoologia do Brasil. Quem leu a entrevista pode perceber a personalidade forte de Vanzolini e que ele definitivamente não é um homem de meias palavras. Ontem, consultando algumas referências enquanto escrevia um artigo, me deparei com o parágrafo abaixo em uma publicação da autoria de Vanzolini sobre a contribuição dos naturalistas viajantes para a Zoologia brasileira, onde ele expressa sua opinião sobre "sistemática tradicional de aves".
"A sistemática tradicional de aves difere da de todos os demais grupos de vertebrados (menos talvez da dos anfíbios) pela falta de caracteres objetivos. É baseada em peles sem ossos, e os caracteres importantes não são enumeráveis ou (com exceção de algum raro bico ou tarso) mensuráveis. Os gêneros são definidos por consenso – na realidade é uma curiosidade para os zoólogos em geral o consenso que existe na Ornitologia. Há poucos estudos da estrutura geográfica das assim chamadas subespécies reconhecidas: há que aceitá-las na base da confiança."
Na condição de Ornitólogo, confesso que passei a considerar um doutorado em Ciências Ocultas após ler o parágrafo acima.
Deixa eu aproveitar que o assunto é Vanzolini e transcrever aqui uma outra frase do próprio, publicada no livro Tropical Nature de Forsyth e Miyata, mas que li na epígrafe da tese de doutorado do amigo Henrique Rajão.
"The "tropics" are not a plot of convenient forest in Costa Rica; they are an enormous realm of patchiness, and any theoretical thinking based on presumed general properties is bound to become an in-group exercise in short-lived futility."
Esta dispensa comentários...

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